A Porsche ficou conhecida no mundo todo pela produção de carros esportivos e extremamente divertidos de guiar. Nessa esteira também surgiram ícones das pistas, como o 356 e 550 Spyder, com vitórias em provas como as “24 Horas de Le Mans” e Targa Florio.
Durante décadas a fio o 911 reinou absoluto e foi – quase – uma opção única para quem buscava toda a agressividade de um bólido de Stuttgart. Em suas diferentes versões tem um lugar garantido entre os grandes esportivos mundiais. Mas o tempo passou e as coisas mudaram. Pra melhor, é claro.
O Cayman chegou às lojas em 2005. O desenho deixa clara sua semelhança com o Boxster, incluindo o posicionamento excelente do motor central. Isso nos leva novamente aos clássicos da marca e à constatação que essa idéia funciona de forma exemplar.
O nome gerou dúvidas desde o início, mas foi inspirado no corpo de uma espécie de crocodilo que vive na América Central. Como se pode imaginar, o réptil tem porte pequeno mas apetite de sobra para devorar suas presas. Qualquer semelhança não é mera coincidência nesse caso.
O esportivo tem um desenho que chama a atenção. A frente traz o DNA alemão bem estampado, enquanto que a traseira tem uma queda acentuada no desenho. As entradas de ar nas laterais servem para refrigerar o motor e dar um toque de estilo bastante sutil.
A versão S que nós testamos é nervosa e tem fome de asfalto. À primeira vista se destacam as rodas raiadas de 19 polegadas, a saída dupla de escapamento e o discreto aerofólio, acionado automaticamente ou através de um botão no console.
Pois bem. No console encontramos também outro botão, ainda mais divertido, que muda o som do escapamento e modifica também o comportamento dinâmico da suspensão. Em outras palavras, o pequeno cupê mostra a que veio de verdade.
O motor central é um boxer de seis cilindros, com 3,4 litros e saudáveis 295 cv. A potência é atingida a razoáveis 6.250 rpm, o que garante belas esticadas só pra ouvir o bólido respirando e o ponteiro próximo da linha vermelha. Já o torque é de 34,7 kgfm.
O habitáculo, que também pode ser chamado de cockpit, acomoda bem motorista e passageiro. Ajustes elétricos, conforto de sobra e sistema de áudio da Bose fazem parte do pacote. Excelente! Mas eu quero mesmo é apertar o botãozinho do escapamento…
O comprador pode escolher entre a transmissão automática de sete velocidades (PDK) ou a manual, com seis. Se eu fosse comprar um deles, talvez escolhesse a primeira opção, que tem um funcionamento absolutamente perfeito. Mas o estilo à moda antiga também agrada.
Girei a chave e rapidamente troquei o ronco. O som do escape ficou mais agudo, nervoso, visceral. Coisa linda de ouvir. Durante o trajeto não foi possível acelerar da melhor maneira possível por causa do local das filmagens, mas em duas ocasiões conseguimos colar o corpo no banco.
Porém nada perto de seus números oficiais, com 0 a 100 km/h em 5,1 segundos e velocidade máxima de 275 km/h. Dígitos absolutamente compatíveis com o desenho arrojado e jovem do Cayman que, desde cedo, já se tornou um clássico.
Por Renato Bellote