Test-drive: R7 avalia o novo Chevrolet Celta!

19/12/2012 13:18

Modelo 2012 do hatch popular custa entre R$ 26.115 e R$ 32.484

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Hatch da Chevrolet passa por leve modificação, mas frente ficou mais bonita / Divulgação


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Lucas Bessel, do R7, em Porto Alegre (RS)*

O observador que passa em frente ao "novo" Chevrolet Celta (R$ 26.115 a R$ 32.484) pode não notar, no primeiro momento, qualquer mudança em relação ao modelo 2011. De fato, o face lift que a GM do Brasil promoveu foi tão discreto, especialmente no exterior, que fica uma pergunta: qual é o sentido em gastar tempo e dinheiro em algo que corre o risco de sequer ser notado?

Segundo a montadora, a resposta está nos pedidos dos próprios consumidores, que, em pesquisas, disseram que mudanças bruscas nos projetos tirariam a identidade do Celta. Se você acreditar nessa versão, pode entender que o que os compradores pediram para o modelo 2012 foi o seguinte (prepare-se):

Nova grade, tendo a barra central na cor do veículo e a gravata dourada ao centro, seguindo a nova identidade visual da Chevrolet, já vista no Agile; faróis com superfície interna escurecida, que a GM chama de dark chrome; para-choques na cor do veículo para todas as versões; novas calotas; lanternas escurecidas e localização da gravata da Chevrolet ao centro da tampa traseira; novo volante, com empunhadura mais suave; novos tecidos nos bancos; porta-objetos e porta-copos; painel de instrumentos com novos grafismos e iluminação azul, que também está virando padrão dos carros da marca; botões de controle do ar-quente e ar-condicionado com novo design e contornos com anéis cromados.

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Acabamento continua com encaixes imprecisos, mas motor tem ótimo desempenho para um 1.0 / Divulgação

A GM aposta que esse será o modelo procurado pelas famílias brasileiras com renda entre R$ 2.000 e R$ 4.000, as mesmas responsáveis pelo boom registrado pela indústria no ano passado. Nesse contexto, o Celta seria o carro racional, barato no preço e na manutenção.

É inegável que as mudanças no interior foram para melhor. A nova iluminação do painel dá um ar mais moderno ao carro, assim como os novos desenhos dos bancos, que ampliam a sensação de espaço. Pena que a GM perdeu a chance de melhorar de verdade o acabamento, que permanece ruim, com encaixes imprecisos e muitas rebarbas.

O fabricante também aproveitou para aplicar a sua nova nomenclatura de versões (LS e LT). Em termos de comportamento e desempenho, não houve qualquer mudança, e o Celta permanece exatamente igual ao modelo anterior, como a reportagem do R7 pôde comprovar durante um teste de 100 km nos arredores de Porto Alegre (RS).

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Faróis e lanternas escurecidos deram um ar mais esportivo ao carrinho / Divulgação

Hatch tem motorzinho valente, mas falta conforto

Se o Celta tem o motor 1.0 mais forte do país, com 78/77 cv (álcool/gasolina) de potência que empurram bem o pequeno Chevrolet, é fato que o câmbio permanece um problema. A relação curta das primeiras marchas - que existe para trazer rapidamente o torque, obtido apenas em altas rotações - é um incômodo constante e sacrifica o conforto do motorista, obrigado a fazer mudanças seguidas durante a aceleração.

Na estrada, a boa surpresa vem pelo relativo silêncio da rodagem a cerca de 100 km/h, surpreendente se considerarmos as 4.000 rpm utilizadas nessa velocidade. Em ultrapassagens, é preciso descer o pé para fazer o Celta ganhar fôlego, mas o desempenho é compatível com o esperado de um carro 1.0.

Embora o visual dos bancos tenha melhorado, a acomodação do motorista, especialmente aquele mais alto, ainda é precária. Os pedais, colocados muito próximos um dos outros, viram um enrosco. O volante, por outro lado, melhorou bastante, tem empunhadura confortável e visual que, se não agrada a todos, traz mais modernidade para o hatch.

As máscaras negras dos faróis dianteiros e o escurecimento das lanternas ajudaram a levantar um pouco a imagem do carrinho. A nova grade dianteira é bem mais bonita que a anterior e funciona muito melhor no Celta do que no próprio Agile. É uma pena, no entanto, que a GM tenha perdido a chance de modernizar a imagem geral do Chevrolet, que merece uma mudança há um bom tempo.

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Popular da Chevrolet tem um dos melhores custos/benefícios entre os populares / Divulgação

NOTAS (0 a 10)
Design (7) –
É neutro. Não causa amores e não desperta ódio, mas está cansado
Conforto (6) – Falhas de acabamento, rebarbas nos plásticos duros, bancos estreitos e pedais "colados" tiram o prazer de guiar. Com certeza é o quesito em que o Celta tem mais a melhorar
Comportamento (8) – É um carro para a cidade, que entrega boa aderência nas curvas e, quando exigido na estrada, não desaponta dentro da categoria popular
Motor e câmbio (7,5) – O bom motor 1.0 do Celta acaba queimado pela relação curta das primeiras marchas
Segurança (6) – Sem airbags, sem freios ABS, sem regulagem de altura do cinto de segurança
Preço (9) – É o maior atrativo do Celta. Junto ao baixo valor do seguro e ao motor econômico, vira a opção para quem tem a grana contada
MÉDIA FINAL (7)

OPINIÃO: Em um mercado brasileiro em expansão, carro barato vende. A GM, com o Chevrolet Celta, mostra que sabe disso e opta por não mexer demais em um time que, comercialmente, está ganhando – e dando muito lucro. Lamentavelmente, a montadora perde a chance de mostrar para seu público, que em muitos casos está comprando o primeiro carro, que a barra de qualidade pode ser mais elevada.