Hyundai lança HB20S e mira em modelos como Chevrolet Prisma, Fiat Siena e Volkswagen Voyage!
A Hyundai não disfarça a euforia com a recepção de seu compacto brasileiro. Depois de inaugurar a fábrica em Piracicaba, em São Paulo, e lançar as duas primeiras variantes da família HB20 – o hatch e o aventureiro HB20X –, a marca sul coreana vai tentar consolidar a sua operação no país com o sedã HB20S. Só que a confiança gerada pelo sucesso instantâneo do hatch parece ter inflado as ambições da fabricante.
A Hyundai optou por lançar o HB20S em versões bem equipadas e com preço nada convidativo. O carro parte de R$ 39.450 com motor 1.0 e atinge R$ 53.995 com propulsor 1.6 e câmbio automático. Essa política de preços, no entanto, tem lógica. Afinal, as vendas do hatch estouraram todas as previsões da marca. Não tem porque atrair compradores pelo preço se a fábrica já está no limite de produção.
Em cerca de quatro meses de mercado, o HB20 hatch já vendeu mais de 40 mil unidades e foi responsável por alavancar a marca no país. Nos dois primeiros meses de 2013, a Hyundai atingiu 6,6% de participação no mercado nacional e chegou à surpreendente quinta posição no ranking das montadoras. O hatch, principal responsável disso, também conseguiu ficar em quarto colocado no resultado de fevereiro.
O preço elevado pode “controlar a demanda” pelo novo sedã da Hyundai. E a expectativa declarada da marca é condizente com este controle. A projeção é vender 40 mil unidades em um ano, algo em torno de 3.500 exemplares mensais, ou um terço do que o hatch consegue.
Longe também da média de 9 mil emplacamentos mensais dos dois principais rivais anunciados, Volkswagen Voyage e Fiat Siena. Outro concorrente que promete ser forte é o novo Chevrolet Prisma, o sedã do Onix, lançado uma semana antes do modelo da Hyundai.
As vendas do HB20S começam em 20 de abril, exatamente seis meses depois da chegada oficial do hatch ao mercado. Como no hatch, serão cinco versões com dois motores e duas opções de câmbio. A gama começa no Comfort Plus 1.0 com câmbio mecânico, a R$ 39.495.
Então vai até a Premium 1.6 Automática, que sai por R$ 53.995, exatos R$ 3.800 a mais que o hatch topo de linha e R$ 460 a menos que o mais caro dos HB20X, o modelinho pseudo-aventureiro. Em relação aos rivais, o carrinho da Hyundai fica no meio do caminho entre os sedãs compactos “normais”, como Siena, Voyage e Chevrolet Cobalt, e os considerados mais sofisticados, como Volkswagen Polo e Honda City. O Hyundai é no máximo 10% mais caro que os primeiros e 10% mais barato que os superiores .
A versão básica Comfort Plus do HB20S já vem com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, computador de bordo, vidros elétricos e rádio/CD com Bluetooth. A topo Premium, sempre equipada com motor 1.6, inclui itens como ABS com EBD, retrovisores com ajustes elétricos, faróis de neblina e volante com regulagem de altura e profundidade, ar-condicionado mais refinado, acabamento interno em dois tons, volante com revestimento em couro, rodas de 15 polegadas, acendimento automático dos faróis e sensor de estacionamento traseiro.
A oferta de motores também é idêntica à do resto da família HB20. O propulsor menor é o 1.0 de três cilindros, 12 válvulas e comando variável na admissão. Tanto com etanol quanto com gasolina, ele gera 80 cv e 10,2 kgfm. O topo é o 1.6 16V de 128 cv 16,5 kgfm, também com ambos combustíveis. O câmbio pode ser o manual de cinco velocidades ou o automático de quatro, mas apenas na versão intermediária Style e na superior Premium, sempre com motorização 1.6.
Para adaptar a proposta estética do HB20 a um sedã, a Hyundai recorreu ao estilo dos sedãs maiores da marca. O perfil repete a mesma “onda”, com uma linha em curva que começa na base do para-brisa, segue pelo teto e tem caimento forte na traseira.
O resultado é um visual agressivo, como o dos modelos como Elantra e Sonata. E passa a sensação de ter maior largura, pelas as lanternas grossas. A ideia é de fazer o compacto parecer um modelo superior. O que pode até tornar o preço, um tanto salgado, mais digestivo.
Ponto a ponto
Desempenho – O acréscimo de 57 kg da versão sedã em relação ao hatch praticamente não faz diferença no comportamento dinâmico do HB20S. A versão testada foi o 1.0 com câmbio manual de cinco marchas. E o conjunto se mostrou muito eficiente para mover os 1.014 kg do sedã. O pequeno propulsor de três cilindros traz boa oferta de torque e atinge giros altos sem grandes “reclamações”. As primeiras marchas são curtas para chegar mais rapidamente às rotações altas, onde moram a potência e o torque máximos. Nota 7.
Estabilidade – O HB20S é um compacto bem acertado dinamicamente. A suspensão é rígida e consegue manter o carro sempre “grudado” no chão. O sedã enfrenta as curvas com desenvoltura e se mantém neutro em quase todos os momentos. Nota 8.
Interatividade – A Hyundai efetuou algumas mudanças no interior do HB20S em relação ao hatch. O rádio, por exemplo, é novo e ganha comandos do Bluetooth no volante. Por outro lado, as entradas auxiliar e USB saíram do porta-objetos à frente do câmbio – onde ficam escondidas – e passaram para a parte superior do painel. A transmissão continua com engates precisos. A visibilidade é boa em todas as direções. Nota 8.
Consumo – O HB20S 1.0 ganhou a classificação “A”, a de maior eficiência no programa de etiquetagem do InMetro, e o 1.6 recebeu nota “B”, que também é aceitável. Os números de consumo com etanol são 7,8 km/l na cidade com os dois motores e 9,7 e 8,7 km/l na estrada com propulsor 1.0 e 1.6 respectivamente. Com gasolina, as médias sobem para 11,5 e 11,1 km/l na cidade e 14,4 e 12,8 km/l na estrada, com motores 1.0 e 1.6, respectivamente. Ou seja: a diferença de consumo entre os motores é muito pequena na cidade e cresce bastante na estrada. Mas é sempre boa. Nota 8.
Conforto – Assim como no hatch, o espaço interno não é o principal argumento do HB20S. O entre-eixos de 2,50 metros dá espaço para quem vai atrás, contanto que o motorista não posicione o banco muito recuado. A suspensão é mais voltada para a estabilidade e transfere as imperfeições do piso para a cabine. Nota 7.
Tecnologia – A Hyundai optou por vender o HB20S apenas em versões bem equipadas. Dessa forma, a lista de itens de série é recheada, com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo e rádio/CD/MP3/Bluetooth/USB. Os dois motores são dos melhores disponíveis no segmento, com bons níveis de consumo e desempenho. Nota 9.
Habitabilidade – O HB20S é bem fornido de porta-objetos e não é complicado espalhar objetos de uso rápido na cabine do sedã. Um óbvio destaque do sedã em relação ao hatch é o porta-malas mais espaçoso. Ele leva 450 litros, 150 litros a mais que o dois volumes. O acesso é fácil e há botão interno para a abertura da tampa. Nota 8.
Acabamento – É outro destaque do sedã. Os encaixes são precisos e os materiais escolhidos de boa qualidade e que melhoram a posição do modelo da Hyundai diante dos demais sedãs compactos nacionais. Além disso, o desenho interno é vistoso e remete a carros maiores e mais caros da própria Hyundai. Nota 8.
Design – O HB20S não tem um desenho tão bem-resolvido quando o do hatch em que é baseado. A traseira é larga, com lanternas grossas e que não combinam muito com a afilada dianteira. Ainda assim, é um dos modelos mais bonitos do segmento. Nota 7.
Custo/benefício – O HB20S definitivamente não é um carro barato. Apesar de bem equipada, a versão de entrada custa quase R$ 40 mil com motor 1.0. Com o propulsor mais potente, o Hyundai atinge os R$ 50 mil, valor que o aproxima de modelos do segmento de compactos superiores como Chevrolet Sonic e Ford New Fiesta, por exemplo. O problema é que ligeiramente acima desta faixa de preço já existem sedãs médios legítimos, como Peugeot 408 e Renault Fluence. Nota 5.
Total – O Hyundai HB20S somou 74 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões - Diversão compacta
Foz do Iguaçu/PR – O primeiro contato visual com o HB20S é definitivamente menos impactante do que com o hatch. Até por ser um desenho já conhecido, o sedã encanta menos por suas linhas do que o HB20 fez quando entrou no mercado em novembro do ano passado. Mas mesmo assim tem uma estética que agrada. A dianteira é bonita, com faróis afilados e grade fina. A traseira tem lanternas grossas e passa a sensação do carro ser mais largo do que é.
Em movimento, as impressões são semelhantes. Assim como o hatch, o HB20S traz ótimo comportamento dinâmico. Os 57 kg extras parecem não fazer grande diferença no desempenho geral do carro. A versão testada foi a 1.0 manual.
Com o pequeno propulsor de três cilindros não há aquela sobra que existe com o 1.6. Mas os 80 cv e 10,2 kgfm de torque são suficientes para manter o sedã sempre animado. O motor parece ate gostar de ir até rotações altas, faixa em que é mais competente. Ele roda suavemente e faz até um ronco instigante.
O sedã se segura bem em curvas e mostra neutralidade. Resultado de uma suspensão rígida que privilegia a estabilidade. Outra consequência direta é no conforto ao rodar, ligeiramente prejudicado pelo conjunto duro. Ao menos o isolamento acústico é uma referencia no segmento.
Por dentro, o HB20S é praticamente idêntico ao hatch. As mudanças se resumem ao novo radio com comandos no volante e novas funções. Dessa forma, o acabamento continua dentro do ótimo padrão, com materiais de qualidade e encaixes precisos. A Hyundai ate rebaixou os bancos traseiros na tentativa de dar mais espaço para a cabeça de quem vai atrás. Mas o espaço interno continua sendo coadjuvante no compacto.
Ficha técnica - Hyundai HB20S
Motor 1.0: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 998 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Potência: 80 cv e 75 cv a 6.200 rpm com etanol e gasolina
Torque: 10,2 kgfm e 9,4 kgfm a 4.500 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,9 e 15,9 segundos com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 162 e 157 km/h com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 71,0 mm X 84,0 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.
Peso: 1.014 kg.
Motor 1.6: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.591 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Potência: 128 cv e 122 cv a 6 mil rpm com etanol e gasolina.
Torque: 16,5 kgfm e 16,0 kgfm a 4.500 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,3 e 9,7 com etanol e gasolina (11,0 e 11,4 segundos com câmbio automático).
Diâmetro e curso:77,0 mm x 85,4 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Peso: 1.057 kg (1.084 com câmbio automático).
Transmissão: Manual de cinco velocidades à frente e uma a ré ou automática de quatro velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não possui controle de tração.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos pressurizados e barra estabilizadora. Traseira semi-independente por eixo de torção, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores. Não possui controle de estabilidade.
Pneus: 175/70 R14 (185/60 R15 na versão 1.6 Premium).
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS a partir da versão Comfort Style.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,23 metros de comprimento, 1,68 m de largura, 1,47 m de altura e 2,50 m de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série.
Capacidade do porta-malas: 450 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Piracicaba, São Paulo.
Lançamento no Brasil: 2013.
Itens de série:
Comfort Plus: Airbag duplo, direção hidráulica, rádio/CD/MP3/USB/Aux/Bluetooth, banco do motorista com ajuste de altura, chave canivete com controle remoto, vidros elétricos, ar-condicionado e ABS com EBS (no 1.6). Preços: R$ 39.495 (1.0) e R$ 44.995 (1.6).
Comfort Style: Adiciona ABS com EBD, rodas de liga leve de 14 polegadas, volante com regulagem de altura e profundidade, espelhos elétrico e faróis de neblina. Preços: R$ 42.675 (1.0), R$ 48.175 (1.6) e R$ 51.375 (1.6 automático).
Premium: Adiciona a Comfort Style 1.6 ar-condicionado com sistema ionizer, faróis com moldura preta, acabamento interno em dois tons, rodas de liga leve de 15 polegadas, sensores de luminosidade e de obstáculos. Preços: R$ 50.795 (1.6) e R$ 53.995 (1.6 automático).
Por Auto Press