A transmissão agora tem oito marchas e o Dynamic Drive – equipamento que ajusta diversos elementos do carro para situações diferentes – ganhou o modo EcoPro. Na prática, isso significa que dá para alcançar 40 km/h em oitava marcha.
O carro também ficou maior. No total ele ganhou 9,3 cm no comprimento, 5 cm no entre-eixos e ainda teve as bitolas alargadas em 3,7 cm na frente 4,7 cm atrás. Mas o uso de materiais mais modernos deixou o modelo atual mais leve que a geração anterior.
O departamento de estilo da BMW também fez o dever de casa na hora transformar a Série 3 em um capturador de olhares. Ainda mais nesse começo de vida, quando poucas unidades habitam as ruas brasileiras. Sem modificar muito a proposta, a sexta geração do sedã ficou com uma “cara séria”. Os faróis estão em posição mais baixa que o tradicional e a junção deles com a grade bipartida foi uma solução acertada. O arco formado pelo musculoso capô quando visto de perfil é mais um destaque.
Carros de luxo também precisam despertar a inveja pelos equipamentos que possuem. E como versão topo de linha a 335i passa longe de decepcionar. Só para destacar alguns, estão lá os faróis bixenônio direcionais, start/stop, controle de tração e estabilidade, oito airbags, Dynamic Drive, GPS, head-up display, rodas maiores, três camâras de estacionamento, acabamento interno em alumínio e sistema de aviso de mudança de faixa. A combinação de tudo isso com o elogiado conjunto dinâmico pesa no bolso. A BMW cobra R$ 304 mil pela 335i.
Até existem configurações de entrada da sexta geração do Série 3. Mas a tabela de preço mostra como a função do modelo no Brasil mudou drasticamente. A geração anterior chegou a ser vendida por menos R$ 100 mil. É verdade que isso foi em uma época em que o IPI para os importados era bem menor. Mesmo assim, o preço de entrada do sedã médio – atualmente de R$ 130 mil na 320i – deixa claro que o Série 3 subiu na vida.
Ponto a ponto
Desempenho – A vitalidade do 335i impressiona. O motor de 3.0 litros e seis cilindros em linha é quase uma obra-prima. Fornece grande quantidade de torque em larga faixa de giros, alta potência, é suave e ainda é econômico. O sedã médio alemão acelera com extremo ânimo, auxiliado pela também excelente transmissão automática de oito velocidades. O zero a 100 km/h é feito em 5,5 segundos, em um tradicional sedã alemão de quase 1.600 kg. Nota 10.
Estabilidade – Os diferentes ajustes do sistema Dynamic Drive dão diferentes facetas para o Série 3. Mas existe uma característica presente em todos eles: o equilíbrio dinâmico. O sedã médio sempre foi conhecido por sua grande capacidade em encarar curvas e a nova geração conseguiu melhorar ainda mais isso. É realmente instigante enfrentar um trajeto sinuoso à bordo do 335i. Com os controles eletrônicos desligados, a BMW parece sempre dar o máximo de diversão possível. A traseira solta ligeiramente, mas acertar o carro de volta é uma tarefa prazerosa. Nota 10.
Interatividade – O Série 3 é um veículo correto no uso diário. A visibilidade é boa para todos os lados e as funções vitais do carro são bem distribuídas. O painel de instrumentos tem visualização clara e simples, bem no estilo BMW. O sistema de entretenimento é completo, porém demanda um tempo para adaptação. Há câmaras espalhadas por todo o carro que auxiliam na tarefa de estacionar o modelo – há ainda a função que simula uma visão superior do veículo. O volante tem ótima pegada e ainda abriga botões do rádio e as vistosas borboletas para trocas manuais de marcha. Nota 9.
Consumo – Não há medições do InMetro para o sedã alemão. O computador de bordo marcou a boa média de 9,4 km/l, mesmo sob uso severo – algo que o carro inspira o tempo todo. Nota 8.
Conforto – A sexta geração do Série 3 ganhou bastante em espaço interno. O novo carro é maior que o antigo em todas as dimensões. Isso, é claro, se reflete no interior. A distância entre-eixos agora é de 2,81 metros, o que dá ótimo espaço para quem vai atrás. O aumento do entre-eixos também permitiu posicionar os bancos mais baixos, aumentando assim os vãos para cabeças. A suspensão muda de rigidez dependendo do modo selecionado do Dynamic Drive. Nos ajustes mais extremos, o conjunto fica rígido e as pancadas são secas. No Comfort, o comportamento é mais “pacato” e o Série 3 se transforma em um confortável sedã para ser usado no dia-a-dia. Nota 9.
Tecnologia – A versão topo de linha da nova Série 3 é lotada de tecnologia. A plataforma é nova, lançada no início de 2012. O motor de seis cilindros em linha já está em uso desde 2009, mas ainda agrada muito pela combinação de força e eficiência. A lista de equipamentos do 335i tem como destaques a tela de 8,8 polegadas no centro do painel, GPS, head-up display, três camâras de estacionamento, alerta de mudança de faixa e acabamento interno em alumínio. Nota 10.
Habitabilidade – O maior tamanho do Série 3 também beneficiou os acessos. O sedã médio é um carro fácil de entrar e sair. Lá dentro, itens de uso rápido podem ser guardados nos porta-copos logo à frente da alavanca de câmbio ou no espaço sob o descanso de braço. O porta-malas de 480 litros fica na média do segmento. Os braços não têm amortecedores, mas pelo menos há dutos que impedem que eles esbarrem nas bagagens. Nota 8.
Acabamento – É difícil achar alguma falha de acabamento no interior do 335i. O couro é de alta qualidade e a grande maioria dos plásticos usados é emborrachado, com boa sensibilidade. Esta configuração topo de linha ainda recebe apliques de alumínio que aumentam o requinte. Talvez o único problema seja uma certa falta de criatividade no desenho do painel. Nota 9.
Design – O Série 3 não chega a ser extremamente ousado. Pelo contrário. A BMW sempre preferiu introduzir um design sóbrio em seu sedã de entrada. Algo que não mudou na sexta geração do ícone. Só que, mesmo com pouca agressividade nas linhas, a marca alemã acertou em cheio no design. A dianteira dá um ar sério e “compenetrado” ao sedã, enquanto a lateral e o capô são lotados de vincos que dão um aspecto musculoso. Nota 9.
Custo/benefício – É complicado aplicar a clássica equação que mede a racionalidade de uma compra em um automóvel que custa R$ 304 mil e tem o mesmo tamanho de um Renault Fluence de R$ 60 mil. Definitivamente ser uma opção racional não é o principal atributo do 335i. Mas é através exatamente de seus outros predicados que o Série 3 conquista. O excelente equilíbrio dinâmico e a dose de luxo do interior impressionam e seduzem. Mas não eliminam o impacto da salgada etiqueta de preços que acompanha o modelo. Nota 3.
Total – O BMW 335i somou 85 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Tradição à prova
Ao menos por enquanto, a 335i traz o máximo de esportividade que pode se encontrar na linha da Série 3 – a versão M3 só deve ser apresentada mais à frente, ainda em 2013. E isso não significa pouca coisa. Tradicionalmente, o Série 3 é um dos carros que melhor consegue aliar a proposta de qualidade dinâmica e conforto. Fruto de seu porte, bem mais enxuto do que o executivo Série 5, por exemplo. E, como a BMW não seria maluca de jogar fora a fama que trabalhou duro para conseguir, a sexta geração do sedã médio parece estar ainda mais apurada nesta sua complicada tarefa.
Não é necessário muito tempo no volante para perceber o quão equilibrado é o Série 3. A maneira com que o sedã encara uma sequência de curvas beira a perfeição. A distribuição de peso de 50% para cada eixo e a tração traseira transformam o 335i em um carro extremamente agradável de se guiar. No modo de condução Comfort a carroceria rola bastante, mas a aderência está sempre presente.
Mas é nos ajustes mais esportivos que o sedã mostra realmente do que é capaz. No Sport+ e com os controles eletrônicos de segurança desligados, o 335i se transforma em uma máquina devoradora de curvas. E tudo da maneira mais divertida possível. A traseira escapa, mas há torque e precisão na direção suficientes para trazer o carro de volta ao controle com facilidade. A impressão é que a BMW fez de tudo para tornar o 335i um carro “vivo”, que recompensa o “favor” de ser guiado como deve ser, de forma bem esportiva.
Tudo é acompanhado pelo ótimo desempenho do motor de seis cilindros em linha. Suave em baixos giros, ele “grita” alto em regimes elevados e ainda roda até 7 mil rpm. A faixa de torque máximo é tão grande que é difícil achar uma situação em que o motor não possa desenvolver os seus 40,7 kgfm.
Para tornar tudo isso ainda mais “visual”, há uma gráfico na tela de 8,8 polegadas que mostra o quanto de potência e torque está sendo enviado para as rodas traseiras – o único ponto negativo é que não dá para modificar as unidades, definidas para as pouco usuais kW e Nm.
O interior é muito menos agressivo do que o comportamento na pista. A escolha da BMW foi – e geralmente é – por uma cabine sóbria. Bem acabada, mas sem extravagâncias estéticas. O espaço interno está maior e acomoda quatro adultos com muito conforto. O quinto é sacrificado pelo túnel central alto e pela própria arquitetura do banco ali – voltado mais para ser um descanso de braço. Mas os outros dois são ótimos lugares para relaxar na volta para casa de um “track day” movimentado.
Ficha técnica – BMW 335i
Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.979 cm³, seis cilindros em linha, turbo, quatro válvulas por cilindro e sistema de abertura variável de válvulas. Injeção direta e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 306 cv a 5.800 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 5,5 segundos.
Velocidade máxima: 250 km/h.
Torque máximo: 40,7 kgfm a entre 1.200 e 5.000 rpm.
Diâmetro e curso: 89,6 mm X 84,0 mm. Taxa de compressão: 10,2:1.
Suspensão: Dianteira independente em alumínio do tipo double wishbone e amortecedores a gás. Traseiro tipo five-link e amortecedores a gás. Barras estabilizadoras na frente e atrás. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 255/45 R18.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas.
Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,62 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,42 m de altura e 2,81 m de distância entre-eixos. Airbags frontais, laterais, para os joelhos dos ocupantes dianteiros e do tipo cortina.
Peso: 1.595 kg.
Capacidade do porta-malas: 480 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Munique, Alemanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado digital, direção elétrica, ABS com EBD, airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para os ocupantes dianteiros, controle de estabilidade e tração, adaptive cruise control, Dynamic Drive, sistema de entretenimento com GPS e tela de 8,8 polegadas, aplique de alumínio no painel, faróis bixenônio direcionais, head-up display, três camâras de estacionamento e sistema de auxílio de mudança de faixa.
Preço: R$ 304 mil.
Por Auto Press