Avaliação Renault Fluence GT.
Finalmente tivemos a oportunidade de avaliar o Renault Fluence aqui no NA, e começamos bem, logo com a versão topo de linha GT. Se trata de uma iniciativa elogiável da marca francesa, já que o Fluence GT não tem apenas nome e visual esportivos, ele tem uma motorização diferente e bem mais potente. Afinal, é um representante da Renault Sport em território brasileiro.
Estamos falando de um motor 2.0 turbo com 180 cavalos e 30,5 kgfm de torque, o que resulta em bastante diversão quer na cidade ou na estrada. O preço de 80.640 reais (82.090 desde ontem) pode ser visto por alguns como um pouco alto, já que com esta mesma quantia é possível comprar um Novo Fusca, com 200 cavalos de potência, ou juntar mais alguns milhares de reais e esticar até um Jetta Highline, com potência igualmente superior e ainda por cima com um câmbio DSG.
Esta comparação é sim justificável, mas podemos também ver o outro lado da moeda: com cerca de 80.000 reais compramos versões topo de linha de sedãs médios concorrentes do Renault Fluence GT que não tem um único cavalo a mais do que versões de entrada. Ficam ali naquela média entre 140 e 150 cavalos com conjuntos mecânicos que não alegram nem um pouco quem quer apimentar suas corridas diárias.
Então, se não saimos do segmento específico dos sedãs médios, vemos que o Fluence GT tem muito o que mostrar.
Renault Fluence GT – Impressões do interior e qualidade de acabamento
Muito se fala sobre o interior do Fluence ser mais confortável que de alguns de seus concorrentes, e durante os sete dias em que ficamos com o modelo, vimos que isso é realmente verdade. Não se trata de euforia exagerada de fã da marca.
É claro que os bancos da versão GT são um pouco mais firmes, e contam com apoios laterais bem mais pronunciados, tanto no encosto quanto no assento, mas ainda assim o Fluence GT consegue entregar conforto para quem quer dar apenas um passeio tranquilo pelas ruas da cidade em uma tarde de domingo.
Neste ponto começamos a ver uma boa mistura de qualidades no Fluence GT, assim como comentamos quando avaliamos o Peugeot 308 THP. Temos um carro que é esportivo ao mesmo tempo em que é confortável e aconchegante. E é claro que nem precisamos dizer que o desempenho dos 180 cavalos e 30,5 kgfm de torque do Renault são bem mais empolgantes do que do Peugeot citado.
O painel do esportivo francês é macio em sua parte superior e o visual é bem cuidado em todas as áreas da cabine. Detalhes esportivos ficam evidentes nos bancos, alavanca de câmbio e volante, com costuras vermelhas. O volante, aliás, tem uma boa pegada, e o câmbio tem engates bons.
Pessoalmente não gosto muito da grande área digital ao centro do quadro de instrumentos, com uma iluminação branca que deixa quase cego à noite, antes de a regular para um tom mais fraco. Os controles do sistema de som e ar-condicionado também não são dos mais intuitivos.
O sistema de refrigeração da cabine tem um detalhe interessante, que são os botões “soft” e “fast”, que permitem uma regulagem mais suave ou rápida para atingir a temperatura setada na função “auto”. Já o sistema de navegação se mostrou confuso, e não conseguimos fazer o controle remoto do sistema funcionar, ele estava com algum problema.
O espaço para os ocupantes é bom, dentro da realidade de um sedã médio, tanto na dianteira quanto na traseira.
O Fluence GT é uma iniciativa louvável da marca francesa aqui no Brasil, em um segmento onde ninguém aposta em criar versões mais nervosas com motorização especial. E como versão especial que é, o Renault Fluence GT agrada e mostra que anda em um tom bem diferente de seus concorrentes mais civilizados.
Ele pode não impressionar tanto por ter “apenas” 180 cavalos de potência, número que já é quase alcançado por sedãs médios sem turbo por aí – i.e. Hyundai Elantra 2.0 Flex – mas a entrega de potência e torque de um carro turbo é algo totalmente diferente.
E outro ponto interessante é que temos 30,5 kgfm de torque, bem mais do que um motor 2.0 sem turbo é capaz de entregar. No uso urbano, ter esse torque adicional é muito interessante, mesmo que a potência não seja tão grande assim.
Os controles eletrônicos atrapalham um pouco nas acelerações, mas eles podem ser parcialmente desativados para uma condução mais agradável de vez em quando. E é claro que o Fluence GT não tem aquelas trocas de marcha rapidíssimas de modelos da Volkswagen com câmbio DSG, mas se você souber levar o carro corretamente, o desempenho fica perto.
O sedã é gostoso de dirigir na cidade, isso podemos afirmar, e ele ainda alia um bom desempenho forte com a praticidade e o conforto de um sedã médio. Consumo: registramos uma média de 6,4 km/l, andando com o ar-condicionado ligado. É um consumo alto, mas do mesmo nível de modelos que andam tanto quanto o Fluence GT.
A suspensão do modelo é firme, mas não chega a ser dura. E os bancos são confortáveis, ajudando na filtragem das imperfeições e pancadas nas suspensões, fazendo com que elas não cheguem aos ocupantes.
Na estrada o Renault agrada também. Suas acelerações são vigorosas, e o câmbio de seis marchas ajuda a encontrarmos o ponto de máxima potência em qualquer situação que seja, inclusive retomadas e ultrapassagens. Nosso vídeo na estrada não foi tão agradável quanto poderia ser pelo fato de uma palheta barulhenta do limpador de para-brisa insistir em berrar o tempo todo.
A estabilidade do Fluence GT é muito boa, até mesmo debaixo de chuva forte. Andando com ele nas estradas vimos que mesmo não tendo uma suspensão tão dura, ele agarra o asfalto nas curvas, até mesmo se percorridas em velocidades um pouco acima do recomendável.
É claro que o câmbio manual de seis marchas acaba sendo um item redutor de vendas do modelo, porque o consumidor de sedã médio muitas vezes quer conforto máximo, mas não é por isso que a condução na estrada fique desconfortável. O torque abundante faz com que possamos andar sempre em sexta marcha sem ter de reduzir.
O consumo foi adequado, de 14,5 km/l, um número legal em vista da performance do Fluence GT.
O problema é certamente o preço. Fizemos os vídeos do modelo falando de preços na casa dos 80.000 reais. Essa semana o Fluence GT subiu ainda mais, chegando em mais de 82.000 reais. A relação custo/benefício acaba ficando ruim.