07/02/2013 14:07
Por: Eber |

O que mais se ouve falar em sites automotivos são leitores reclamando do visual do Etios e também de outros defeitos do modelo. Que ele não é páreo para HB20 ou Onix. Sim, pode ser que tanto o modelo da Hyundai quanto o da Chevrolet sejam muito mais apropriados para o gosto brasileiro em relação a visual, mas isso também não significa que o carrinho da Toyota não tenha nada de bom.
Começando nossa avaliação do Etios falando do seu visual externo, podemos destacar que embora ele não seja tão moderno quanto os concorrentes citados, seu visual na dianteira não é tão ruim assim como dizem. Ele parece sim um modelo que teria sido lançado uns cinco anos atrás, mas suas linhas são harmônicas, e ele tem detalhes que combinam entre si nesta área da carroceria.
Na traseira, somos obrigados a concordar que o formato e o tamanho exagerado das lanternas, que saltam da carroceria, não são tão harmoniosos assim. A cor do veículo ajuda bastante – entendemos porque os Etios da frota de imprensa da Toyota sempre tem essas cores mais chamativas, e não um preto ou prata qualquer. Inclusive várias pessoas elogiaram a cor do Etios durante a semana em que ficamos com ele por aqui.

O Etios que nos foi cedido é da versão XS com motor 1.3, ou seja, o Etios mais completo e mais caro que você pode comprar com motor 1.3, lembrando que esse motor menor está disponível apenas no Etios hatch. O sedã sempre é equipado com motor 1.5.
O modelo parte de 29.990 reais, mas essa versão não tem nada de interessante, é um carro totalmente pelado. Não tem ar-condicionado, não tem direção hidráulica. Nem mesmo conta com limpador e desembaçador do vidro traseiro, acredita?
Um Etios 1.3 XS como esse da nossa avaliação sai hoje por 38.790 reais, um valor que já começa a ficar alto para um popular de motor 1.3 equipado com aquele pacote que chamamos de completo, mas que não tem nada de excepcional em si. Ou seja, o que em uma faixa de preço inicial é um ponto bem positivo do Etios (o fato de não ser 1.0) acaba não sendo tão importante assim chegando bem perto dos 40.000 reais.

Todos nós temos nossas opiniões sobre o visual dos carros vendidos no Brasil, tanto nós do NA quanto vocês leitores. Mas nessa avaliação iremos mais a fundo, considerando todos os aspectos do modelo e informando a quem lê nosso site se ele vale a pena em algum aspecto.
Até porque quem compra um Etios hoje em dia ao invés de levar um HB20 ou um Onix para casa, preza coisas como boa mecânica e confiabilidade acima de visual externo.
Toyota Etios 1.3 XS – Impressões do interior e qualidade de acabamento

Quando entramos no Toyota Etios vemos ainda mais claramente que ele foi um carro desenvolvido para o mercado indiano. O quadro de instrumentos localizado no centro do painel é algo com o qual nós brasileiros não estamos acostumados. Isso acontece em alguns modelos da Citroen, mas neste caso o painel conta com algum requinte. No Etios não.
Seu interior é muito bem montado, vemos que os japoneses dão muita importância a um carro sem barulhos ou peças soltas. Os bancos são confortáveis e os plásticos de um cinza mais claro em algumas áreas da cabine também passam uma boa impressão, assim como o volante de aro mais grosso, bom de se usar.

Mas no restante é um carro muito simples. A manopla do câmbio geralmente tem um acabamento cromado ou prateado nas versões mais caras de carros populares, mas neste Etios 1.3 XS de 38.790 reais isso não acontece, ela é toda preta, sem nada que a deixe mais bonita.
Os painéis de acabamento interno das portas não tem nenhum região com tecido, e as maçanetas internas também são de plástico sem acabamento prateado ou coisa parecida. Os botões dos vidros elétricos, localizados na porta do motorista, não tem iluminação. Como consequencia disso temos que ficar procurando onde está o botão quando saímos com o carro a noite.

A sensação geral que fica é de que os japoneses tentaram baratear o carro ao máximo. Tentaram extrair dele o maior lucro possível. É claro que isso acontece em todas as marcas, mas sempre respeitando um limite comum, para não cair no estranho. No Etios eles foram mais além. Como se não bastasse o que já comentamos acima, se você abrir o capô verá que não existe pintura na parte interior do mesmo, ou no cofre do motor. Fica uma sensação ruim.
O sistema de áudio tem uma qualidade de som fraca, e apenas dois alto-falantes, nas portas dianteiras. Quem vai lá atrás não escuta a música. O volante tem apenas uma (pequena) regulagem de altura. E uma versão de quase 39.000 reais mereceria regulagem elétrica dos espelhos.

O quadro de instrumentos tem uma aparência ruim, pois a escala de quilômetros por hora e das rotações do motor é pintada no plástico, ou seja, se trata apenas de um plástico e dois ponteiros por trás. Não temos computador de bordo, e o minúsculo visor digital mostra apenas o combustível do tanque e hodômetro total/parcial. Com o agravante de que se você estaciona o carro em uma subida ou descida, o marcador digital acaba mostrando um ponto a mais ou a menos, fica oscilando assim.
Existe uma certa escassez de porta-objetos na região entre os dois bancos dianteiros, pois não se trata de um console central completo, fica um vazio entre o freio de estacionamento e a alavanca do câmbio sem espaço para guardar pequenas coisas ali.

E, finalmente, se você mora em uma região muito quente, tome uma precaução adicional ao pensar em comprar um Etios: o ar-condicionado dele é fraco e não resfria a cabine por completo em dias muito quentes. A velocidade quatro, que é a mais forte, acaba tendo de ser usada com frequência e ainda assim a cabine não fica gelada.
Nós particularmente não somos pessoas que gostam de ar-condicionado congelando, e ainda assim sentimos essa deficiência no modelo. E olha que estamos no Sul de Minas, uma região que não chega nem perto do calor que temos no interior de São Paulo, no Rio de Janeiro ou nas regiões Norte e Nordeste do país.
Toyota Etios 1.3 XS – Comportamento e consumo na cidade
Se o brasileiro gosta de carro bonito, e por isso mesmo o Toyota Etios não vende muito se comparado com os hits do momento, HB20 e Onix, ele precisaria de qualidades em outras áreas para poder pelo menos conquistar aquela pequena parcela do mercado que não se importa muito em um carro não ser bonito e chamativo. Se olharmos por essa perspectiva, vemos que o Toyota Etios consegue cumprir sua função.
Digo isso pois apesar de ser um carro feito para o mercado indiano, o Etios segue o padrão Toyota e entrega um comportamento dinâmico exemplar. Se você pensa no Etios como um carro para se dirigir e não para mostrar para os outros, começamos a ver suas qualidades.
Esta versão com motor 1.3 se mostra ser ideal para uso urbano. O motor é maior que 1.0, tem um pouco mais de torque, mas também não é um carro com desempenho arrebatador. A medida é exata para uso urbano, pois o desempenho é adequado e o consumo também.
O Toyota Etios 1.3 é um carro gostoso de se guiar, o câmbio tem engates precisos e os pedais são leves. A direção com assistência elétrica é bem leve. É claro que o desempenho é inferior a um Onix 1.4 ou a um HB20 1.6, mas lembre-se novamente do tipo de comprador de um Etios: uma pessoa racional, que sabe que não precisa de muita potência debaixo do pé direito.
Quando o ar-condicionado está acionado, isso faz com que o desempenho fique bem pior. O equipamento muda o desempenho quase quanto em carros 1.0, ele fica amarrado se o ar-condicionado estiver ligado, isso principalmente é notado em subidas.
O consumo urbano foi de 10,2 km/l com gasolina e ar-condicionado ligado. Não é aquele consumo ótimo, já que o Onix 1.4 conseguiu mais de 11 km/l em percurso semelhante. Mas também não é um consumo péssimo. O uso do ar-condicionado faz com que o consumo piore bastante.
Não conseguimos fazer médias de consumo com álcool pois já que o Etios não tem computador de bordo, seria necessário rodarmos até acabar com o tanque de gasolina para depois enchermos outro tanque com álcool, e rodar 1.000 quilômetros dentro de uma cidade em apenas uma semana é quase que impossível.
Toyota Etios 1.3 XS – Comportamento e consumo na estrada
Apesar de ser um carro mais urbano, o Toyota Etios 1.3 agrada igualmente na estrada. Em rodovias os problemas de desempenho que temos na cidade ficaram minimizados. O Etios acelera bem, mantém uma boa faixa de rotação a 110 km/h (3.000 giros), e com isso não é muito necessário ficar reduzindo marchas.
Seu motor é elástico, e com isso o prazer ao dirigir também é notável nas estradas. Apesar de ser um popular que não tem nada de esportivo, ele te convida a acelerar, reduzir marchas, brincar um pouco, tudo graças ao motor elástico, ao câmbio com engates rápidos e a embreagem de fácil acionamento.
O nível de ruído é alto, característico de certa falta de forração acústica. Além de termos ruído aerodinâmico vindo das portas, temos um pouco de ruído de rodagem. Já o ruído do motor não invade muito a cabine. Nas curvas, a carroceria do Etios inclina consideravelmente, os pneus começam a cantar com certa facilidade.
Quem quer um desempenho melhor tem no Etios 1.5 uma ótima escolha, mas a versão com motor 1.3 apresenta um ótimo balanço entre desempenho agradável, custo menor e consumo adequado. Isso pois o Etios é um carro 1.3 com preço de carro 1.0… e a diferença no prazer ao dirigir entre estes dois tipos de motorização é gritante.
Na estrada marcamos um consumo de 15,9 km/l com gasolina a 110 km/h com ar-condicionado ligado. É uma marca boa, mas também inferior ao Onix 1.4, assim como citamos acima no comportamento e consumo na cidade.
Ficha técnica – Toyota Etios
Motor: 1.3: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.298 cm³, quatro cilindros em linha, com quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Motor 1.5: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, com quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 1.3: 84 cv com gasolina e 90 cv com etanol a 5.600 rpm. 1.5: 92 cv com gasolina e 96,5 cv com etanol a 5.600 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: Hatch 1.3: 11,8 segundos. Hatch 1.5: 11,1 segundos. Sedã 1.5: 11,3 segundos
Torque máximo – Motor 1.3: 11,9 kgfm com gasolina e 12,8 kgfm com etanol a 3.100 rpm. Motor 1.5: 13,9 kgfm com gasolina e etanol a 3.100 rpm.
Diâmetro e curso – Motor 1.3: 75 mm X 73,5 mm. Taxa de compressão: 12,3:1. Motor 1.5: 75 mm X 84,7 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, com eixo de torção e molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 175/65 R14.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás.
Carroceria – Sedã: monobloco com quatro portas e cinco lugares com 4,26 metros de comprimento, 1,69 m de largura, 1,51 m de altura e 2,55 m de entre-eixos. Hatch: monobloco com quatro portas e cinco lugares com 3,78 m de comprimento, 1,69 m de largura, 1,51 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais.
Peso: 915 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: Hatch: 270 litros. Sedã: 562 litros.
Tanque de combustível: 45 litros.
Produção: Sorocaba, Brasil.
Lançamento mundial: 2010
Lançamento no Brasil: 2012.